Tarifas dos Estados Unidos e o setor moveleiro

02/10/2025

Em julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a taxação de 50% para diversos produtos que o país importa. Antes mesmo de entrar em vigor, no dia 1º de agosto, muitos setores brasileiros começaram a sentir impactos – inclusive o moveleiro.

Nos últimos anos, os Estados Unidos vinham perdendo representatividade nas exportações de móveis produzidos no Rio Grande do Sul. Ainda assim, é o principal destino das vendas para fora do Brasil tanto no estado quanto no polo moveleiro de Bento Gonçalves, correspondendo por cerca de 16% do total exportado em ambos os casos. No primeiro semestre de 2025, esse percentual representou cerca de US$ 117,5 milhões no Rio Grande do Sul e US$ 27,3 milhões no polo de Bento.

NOVAS ALÍQUOTAS
Alegando que as importações de madeira e móveis enfraquecem a segurança nacional dos Estados Unidos (utilizou como base a Seção 232 da Lei de Comércio de 1974), Donald Trump anunciou novas alíquotas que valerão de 14 de outubro a 31 de dezembro de 2025.

O documento determina a taxação de 25% para armários de cozinha, pias de banheiro e móveis estofados, ou seja, concede certo alívio para indústrias que exportam esse tipo de mobiliário aos EUA. A partir de 1º de janeiro de 2026, as alíquotas serão de 30% para estofados e 50% para demais móveis (armários de cozinha e pias de banheiro). Vale ressaltar que móveis de outras categorias estão taxados em 50% desde agosto e algumas empresas já sentem impactos como cancelamento de pedidos e diminuição da produção. O problema principal permanece: enfraquecimento da competitividade do mobiliário brasileiro no mercado norte-americano.

MOMENTO DE READEQUAÇÃO
As exportações são relevantes para tornar as indústrias mais inovadoras e competitivas, especialmente nas exigências do mercado global, mas a principal fonte de faturamento do setor moveleiro gaúcho é o mercado brasileiro. Além disso, 84% dos móveis fabricados no Rio Grande do Sul são vendidos para mais de 100 países, como Uruguai, Chile, México, Peru, entre outros. É evidente que a taxação traz preocupação, especialmente para empresas que têm os Estados Unidos como principal parceiro comercial, mas há mercados promissores a serem explorados – minimizando, dentro do possível, os impactos ocasionados pela taxação norte-americana.

O momento é de readequação, análise e elaboração de estratégias. Conquistar novos parceiros não é uma tarefa fácil, pois cada país tem suas particularidades em relação a consumo, burocracia, logística e acordos comerciais. É possível que algumas indústrias precisem rever seu mix de produtos, investir em marketing e networking e contratar consultoria para buscar alternativas.

A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) monitoram as novidades sobre o assunto e se ficam à disposição com informações, dados e orientações para seus associados. Com intuito de entender o panorama do setor, as entidades também mantêm diálogo constante com instituições como Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre outras.