Congresso Movergs: adrenalina vai pautar o pós-crise do setor moveleiro

05/07/2018

Com moderado otimismo para o período pós-crise, o 28º Congresso Movergs, realizado em Bento Gonçalves nessa quinta, dia 05 de julho, começa com a tradicional análise do setor feita pelo economista e sócio-diretor do IEMI – Inteligência de Mercado, Marcelo Prado. Em primeiro lugar, ele garante ao setor moveleiro gaúcho que ninguém saiu ileso à crise. A indústria moveleira e o varejo ainda terão um longo período para curar as cicatrizes, talvez jamais alcançando novamente os números obtidos durante o boom imobiliário.

Aliado à crise econômica, o fim do boom imobiliário causou perdas de 16% na produção nacional de móveis. Nos próximos cinco anos, o IEMI estima uma expansão de 15,4% na produção de móveis e colchões. Entretanto, nem em 2022 serão alcançados os picos de produção e vendas de 2013. Haverá crescimento, mas com concorrência muito acirrada. Segundo Prado, só vai acompanhar essa curva de crescimento – ou ultrapassá-la – a indústria que puder verdadeiramente agregar diferencial ao produto, destacando-se de seus concorrentes para convencer um consumidor com multiplicidade de oferta. “A única coisa que o Brasil pode garantir aos empresários nesse pós-crise é bastante adrenalina”, indica.

 

Cenário

Mesmo com a crise, em 2017, o Brasil consumiu R$ 83 bilhões de reais em móveis no ano passado. É o 5º maior mercado de móveis do mundo, com 376 milhões de peças consumidas. O varejo nacional de móveis é formado por 53 mil pontos de venda e todos os canais tiveram queda de desempenho entre 2013 e 2017, com recuo de 16,3% em peças vendidas no varejo (móveis e colchões). As lojas de departamento, por sua vez, tiveram perdas ainda piores: queda de 24,3%.

Segundo Marcelo Prado, foram duas mil lojas fecharam com a crise econômica. Entretanto, lojas especializadas ganharam em volume e receita nesse período. Elas representam, hoje, 79% dos PDVs, com 71% do volume de vendas e 81% das receitas geradas por esses produtos no varejo nacional. Na outra ponta, a indústria produziu 432 milhões de peças no último ano, sendo 14 milhões delas destinadas às exportações. Dormitórios são a principal linha da indústria brasileira de móveis, tanto em volume quanto valores. Depois, destaca-se a linha de escritórios. Cozinha é o terceiro segmento em volume de vendas, mas os colchões tem maior representatividade em faturamento.

 

Mercado imobiliário

 

Marcelo Prado pontua que, atualmente, 25% das compras de móveis no Brasil estão ligadas à adição de um novo domicílio. Por isso, a queda em novas residências constatada pelo IBGE impactou sobremaneira a indústria moveleira. Entre 2009 e 2017, o número de lançamentos imobiliários recuou 48% no Brasil, revertendo o boom imobiliário. Estimativas de 2017 sugerem que o setor começará lentamente a se recuperar.

Existe uma projeção de 10 milhões de novos imóveis entre 2018 e 2025, segundo o IEMI. Isso ajuda o setor, conforme Prado, mas não chega sequer próximo das médias obtidas durante o boom imobiliário. Maiores oportunidades, sem dúvida, estão no nordeste. “Vamos sair da crise e voltar a crescer, mas o ritmo do crescimento será bem menor”, reflete Prado.

 

Estimativas

Em 2017, o crescimento da produção nacional de móveis foi de 0,3% em volume de peças. Para 2018, estima-se alta de 4%. A estimativa do IEMI em relação às vendas é um crescimento de 4,5% em volume e 12,3% em valores nominais, ainda sem considerar os impactos da greve e queda de consumo por conta da Copa do Mundo. Na análise do economista, os níveis são ainda tímidos, mas existe um grande mercado a ser explorado pelo setor. “A informação só tem o poder de transformar quando bem gerida dentro da empresa, com identificação de oportunidades, planejamento estratégico e definição – principalmente – do que não será feito”, conclui.